Confiança do empresário do comércio segue em queda na capital
Recuo de -4,8% na variação mensal pode sinalizar redução no consumo e, consequentemente, no volume de negócios.

Ao que os números indicam, os empresários do comércio de Maceió andam um pouco desanimados neste início do ano. De acordo com a pesquisa do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), em fevereiro o indicador marcou 106,6 pontos frente aos 112 pontos de janeiro, representando um recuo de -4,8% no mês. Considerando que, em janeiro, já havia tido queda de -1,6% neste indicador, estes resultados indicam uma maior percepção na redução no consumo e, consequentemente, no volume de negócios.
A queda na confiança, que nos últimos meses vinha oscilando entre as empresas maiores e as menores, acabou sendo uma realidade para os dois grupos, em fevereiro, caiu -2,3% nas empresas com mais de 50 colaboradores e -4,8% nas com menos de 50 colaboradores.
Apesar dos desempenhos negativos em termos mensais, na comparação anual o resultado é positivo, com crescimento de 1,7%. “A queda na confiança do empresário pode ser resultado do lento esfriamento da economia brasileira já observado desde final de 2024. Para 2025, aparentemente, existem expectativas mais a longo prazo do que o que está sendo sugerido pelo conjunto de dados negativos na comparação mensal”, observa o assessor econômico do Instituto Fecomércio, Francisco Rosário.
Apesar da queda, intenção de investimento está maior do que em 2024
O resultado geral negativo reflete os subindicadores que compõem o ICF, já que todos tiveram queda mensal. O de Condições Atuais apresentou variação mensal de -6,0% e, anual, de 10,6%. Essa comparação anual pode sinalizar força na retomada da confiança, pois indica que a concorrência, a demanda por produtos ou serviços específicos, as tendências de mercado, além dos lucros, estão em condições melhores que em 2024.
O subindicador de Expectativas (IEEC), importante para entender como os empresários estão se preparando para o futuro próximo, teve variação mensal de -5,4% e anual de -5,6%. E o subindicador de Intenções de Investimento (IIEC) recuou -3,1%, no mês, mas subiu 4,7%, no ano. Com isso, apesar da queda nas intenções de investimento em relação a janeiro, é possível dizer que empresários ainda estão mais dispostos a investir neste ano de 2025 comparado a 2024. “Tanto que as expectativas para contratação de funcionários aumentaram 6,5% em relação ao ano anterior, indicando uma perspectiva positiva para o mercado de trabalho. Além disso, houve aumento de 7,2% no nível de investimento das empresas, o que reflete um otimismo cauteloso”, avalia Rosário.
Números negativos não implicam dizer que o cenário geral é ruim
Analisando-se o desempenho dos números em relação aos segmentos, fevereiro teve queda de -5,34% nas expectativas dos empresários do setor de bens duráveis, indicando uma recuperação quando comparado aos -10,4% de janeiro. Por outro lado, passadas as festas de fim de ano e as férias de verão, o segmento de semiduráveis sentiu mais a mudança nos negócios, marcando -6,78% nas expectativas; um aumento frente aos -2,4% de janeiro. Já o segmento de não-duráveis, que tinha apresentado aumento de 3,3% nas expectativas, em janeiro, teve queda de -2,10%, em fevereiro.
Frente a tantos indicadores negativos, o economista explica que é necessário cautela, pois não implica dizer que o cenário geral é ruim. “É preciso considerar que as micro e pequenas empresas dominam o comércio de Maceió. Por esse tamanho de empresa ser mais frágil e sensível, qualquer alteração no ambiente de negócios interfere de forma, às vezes, desproporcional nos sentimentos dos pequenos empresários locais. Isso pode ser um motivo da volatilidade destes números, e não necessariamente os reais fundamentos da economia e o ambiente de negócios local como um todo”, explica Rosário.
Para ele, também necessário considerar que bens duráveis e semiduráveis são mais sensíveis ao crédito, que está mais caro desde o último trimestre de 2024, e que os bens não-duráveis são mais impactados pela renda e pela inflação, que estão sendo pressionadas desde o segundo semestre do ano passado; e tudo isso reflete na dinâmica econômica atual.
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