Bruno Lopes
Edson tem futuro ou será somente oposição?
Pode ser que sim, pode ser que não.
Edson Magalhães é uma figura complexa na nossa cidade: é capaz, tem ótimas ideias, tem porte e aparência de ser um bom gestor (caso assumisse), mas... não traz confiança alguma.
É complicado. Passei dias e mais dias perguntando a diversas pessoas: “quem é Edson para você?”. E parece até enredo de filme repetido: “é muito inteligente, sabe se comunicar, sabe o que o município precisa, mas...”. Esse “mas’’ sempre o mata.
E o que esse “mas” significa?
Ele é o típico caso de que o passado sempre o condena. Sempre que aparece em público, há o misto de comentários, sejam eles bons, por ser uma pessoa que apresenta boas propostas e que melhor dialoga com o santanense; sejam eles ruins, por ser uma pessoa que gosta de curtir a vida com uma boa e velha cachaça. E isso mancha a sua imagem.
Porém, não é só a imagem dele que o atrapalha que ele alcance a vaga de prefeito do município. Há uma série de fatores.
A forma como ele rompeu com Renilde Bulhões, enquanto vice, lhe deu um percentual fixo de rejeição (lembrem-se: na política, além de você buscar votos é IMPORTANTÍSSIMO também diminuir sua rejeição ao voto. Alta rejeição dificulta, e muito, suas chances de eleição majoritária). Não há uma pesquisa detalhada como a Data Folha, em nossa região, onde detalha a intenção de voto ou índice de rejeição, mas é sabido que Edson é rejeitado, em grande parte, pelo eleitorado da família Bulhões. A outra parte, os “neutros”, que votam de forma mais racional pela cidade, não votam nele por questões que envolvem sua imagem pessoal.
No entanto, um recado: nunca, jamais, em hipótese alguma, subestime Edson Magalhães.
Edson é como se fosse um depósito de votos da oposição, composto de pessoas que votam nele pela afinididade de ideias, pelo desejo de mudança, pela rejeição à família Bulhões e, claro, pelo voto de revolta a promessas não cumpridas em campanha pela atual gestão.
Neste ano, até o próprio Edson deve ter se surpreendido com a votação obtida. Era consenso na sociedade que ele tiraria no máximo, uns 6 mil e poucos votos. Era o seu teto. Obter 8.268 pode ser considerada uma vitória.
Por mais que ele sempre perca as eleições, ele se consolida, eleição após eleição, como oposição. E isso é muito bom. Edson é (por favor, entendam a analogia) o típico animal faminto que fica na beira de uma mesa, esperando o vacilo da situação para dar o bote e pegar a comida (no caso, o poder). É admirável e desejável que Edson continue, pois bons governos se constroem com uma boa oposição.
À Edson, dou o meu conselho: persista! E, acima de tudo, ataque seu problema de imagem pessoal diretamente, perante a sociedade santanense. Assuma tal vulnerabilidade, comprometa-se em público e demonstre que não pretente praticar os erros do passado. Talvez essa seja a cereja do bolo que lhe falta para alcançar um novo patamar na política.
Edson, sabendo agir bem e trazendo confiança ao povo santanense, logo em breve (ou nem tão breve assim) chegará ao poder municipal e executar o que tanto deseja em prol de sua cidade. Que ele leve como inspiração a trajetória de Valmiro Costa (atual gestor, que perdeu, também, diversas eleições ao longo dos anos em Poço das Trincheiras) e do atual presidente Luis Inácio Lula da Silva. Não há sucesso que resista a persistência. E não há democracia sem oposição.
Persevere, Edson. A política santanense precisa do oposto. Só tome cuidado com quem você chama de aliado...