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  • Santana do Ipanema, 21/11/2024
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Sérgio Campos

Minhas lembranças do eterno prefeito Adeildo Nepomuceno Marques

Foto: Lucas Malta / Cortesia
Minhas lembranças do eterno prefeito Adeildo Nepomuceno Marques Estátua do ex-prefeito Adeildo Nepomuceno Marques

Já era noite do dia 3 de março de 1969, eu tinha apenas 8 anos de idade, quando meu pai me levou, juntamente com alguns dos meus irmãos, para vermos a chegada da água encanada em Santana do Ipanema.

Era um momento bastante festejado, visto que até então nós bebíamos água salobra das cacimbas do rio Ipanema, que chegava em nossas residências no lombo de jumentos.

O primeiro reservatório d’água da cidade foi construído na subida do morro que tempos depois passou a ser chamado de Alto da Fé.

Muita gente se aglomerou nas proximidades do cano por onde a água escaparia sempre que o reservatório enchesse. Naquele dia a água foi liberada propositadamente, jorrando forte, para que algumas pessoas que ali estavam comemorando a conclusão da obra pudessem tomar o banho inaugural, uma espécie de batismo da população pela luta em favor da chegada da água encanada em nossa cidade.

O que mais me impressionou naquele momento histórico, fixando em mim, até os dias atuais, a mais viva lembrança que guardo daquele evento, foi a imagem de uma pessoa bastante conhecida da nossa comunidade. Ele estava tomando banho sob o jorro d’água. Era José Abdon, funcionário do Banco do Brasil, que, naquele momento, expressava a alegria de toda a população santanense com a chegada da água do São Francisco.

O dia da vitória (3° mandato)

Era início da noite de 15 de novembro de 1973 quando uma grande carreata comemorava a terceira vitória de seu Adeildo Nepomuceno Marques para a prefeitura de Santana do Ipanema. A cidade estava às escuras, pois, segundo se comentava, a administração municipal que o antecedeu não teria feito o pagamento da iluminação pública da cidade.

Eu tinha doze anos de idade e, juntamente com meu amigo Agnaldo Santana, saímos procurando vaga em um dos muitos carros que participavam daquela comemoração. No Centro da cidade, conseguimos embarcar no Jeep de seu Leuzinger, proprietário do Hotel Avenida.

Lembro-me de que percorremos várias ruas da cidade. Por onde passávamos as pessoas nas calçadas aplaudiam a caravana vitoriosa.

A fila

Já havia se passado um ano da terceira administração de seu Adeildo frente à Prefeitura de Santana, quando, numa manhã, eu caminhava pela Avenida Coronel Lucena e, ao me aproximar do prédio da Prefeitura, percebi que ali se formava uma fila enorme, em que praticamente todos eram pessoas muito jovens. Me aproximei e perguntei sobre o motivo daquela fila. Fui informado de que estavam distribuindo ingressos para o espetáculo do Circo Garcia, instalado exatamente por trás da residência em que eu morava, onde todos os circos que chegavam à cidade se instalavam (hoje no local existe o Mercado de Cereais). Entrei na fila, que se dobrava à saída da Prefeitura e se estendia pelas calçadas da vizinhança. Esperei a minha vez de ser contemplado.

Lá no final da fila, eu não podia ver quem distribuía os ingressos. Quando cheguei à reta de entrada do prédio da Prefeitura, pude ver que o responsável pela distribuição era o próprio prefeito. Senti um calafrio, fiquei acanhado, pois seu Adeildo era frequentador assíduo da mercearia do meu pai, João Soares Campos, localizada na Praça da Bandeira (atual Praça Adelson Issac de Miranda). Logo imaginei: “Poxa! se meu pai souber que eu estou aqui, vai brigar comigo”. Àquela altura não dava mais para sair da fila. Decidi baixar a cabeça e me aproximei dele com o rosto meio encoberto pelo braço estendido para pegar o ingresso do circo. Seu Adeildo me entregou o bilhete. Quando fiz menção de me afastar, ele colocou a mão na minha cabeça e disse: “Dê lembrança a João Soares”.

Uma noite tenebrosa

Já era madrugada de domingo, 29 de Janeiro de 1978, eu estava no Tênis Clube Santanense, participando da tradicional prévia carnavalesca. Foi então que a orquestra parou e informaram que o baile foi encerrado por causa da notícia que tinha acabado de chegar ao local: o ex-prefeito Adeildo Nepomuceno fora assassinado.

O local virou uma espécie de velório, ninguém sabia ao certo como aquilo havia acontecido. Fomos todos para a praça, apreensivos, a fim de obter maiores informações.

Não demorou muito para que as ruas de Santana ficassem cheias de gente. Todos queríamos informações detalhadas sobre aquele sinistro acontecimento.

NOTA

Esses são alguns trechos do livro Adeildo Nepomuceno Marques - Um carismático líder sertanejo, escrito por mim (Sérgio Campos) e meu irmão, Fernando Campos.



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