Marcelo Ricardo Almeida

Viva São José em Santana do Ipanema!
A celebração do padroeiro dos trabalhadores.

Viva o dia 28 de maio,
Viva São José em Santana do Ipanema.
Cedo agricultor levanta-se olha
e logo agradece
vai e dedilha o ritmo na sanfona...
Viva São Joaquim,
Viva Senhora Santana,
Viva Santa Maria,
Viva São José.
Cedo agricultor levanta-se ouve
vai no chiado da chaleira
sol banha a sua rica agricultura
o que tem vende na feira
ganham pés o caminho na roça
vai trabalhar o dia inteiro
e quando o sol cai sobre as serras
vermelhidão se desenha
e ganha os seus cantos alto sertão
vegetação espinhorenta vegetação
transforma aquarela cai o sono
e o agricultor agradece...
Viva São Joaquim,
Viva Senhora Santana,
Viva Santa Maria,
Viva São José.
A manhã de nova sorte
espalhada na vegetação agreste
cabra forte vive no teste
laça amansa cava planta e colhe
enfrenta seca enchente
indo à feira todo sábado ver gente
passa a vida na corrente
e bebe brinca se diverte e celebra
diz: Toda vida é uma festa.
Viva São Joaquim,
Viva Senhora Santana,
Viva Santa Maria,
Viva São José em Santana do Ipanema.
Ouça cantos cantados,
entoam de longe
cantos que se cantam
nas vozes aladas;
a procissão no asfalto
segue a Santana
a bênção aos carreiros,
'pia carro de boi.
Cada agricultor levanta-se e faz
preces.
Viva São Joaquim,
Viva Senhora Santana,
Viva Santa Maria,
Viva São José.
E seguem noites de novena,
presente estrutura da oração,
no sujeito-verbo-predicado,
os dedos, nas mãos o terço
percorre estrutura oral e ora
fazendo petição, promessas,
logo ganha ruas a procissão.
Viva São Joaquim,
Viva Senhora Santana,
Viva Santa Maria,
Viva São José.
Nas ruas calmas desta cidade,
passos lentos dos fiéis;
nos pálios, imagens balançam;
insiste ruído no carro de boi;
a multidão segue em orações,
canta louvores; explodem vivas:
Santana viva! três vivas, sertão!
Veja. Realidades
são só recortes
buscados, sabiá.
O sabiá nunca vê
o fato que existe,
exceto a tesoura
fazendo recortes
na canção de exílios
busca incessante
uma outra realidade
existente nos sabiás
como se além nada há;
mundo sabiá quem faz
preso à sua vontade.
E a vida, sabiá, é tão isto:
ávida vida, logo se vai
agora na canção o Exílio.
Marcello Ricardo Almeida é autor do livro Ideias Políticas de Filosofia Educacional, 1999.
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