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  • Santana do Ipanema, 19/02/2025
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Quitéria Souza

Olivença: Uma gestão e várias veias atadas na artéria principal do "dono da bola"

Vamos contar aqui um histórico dos últimos 30 anos de eleições no antigo povoado conhecido por Capim.

Prefeito de Olivença, Josimar Dionísio
Olivença: Uma gestão e várias veias atadas na artéria principal do Foto: Reprodução / Redes Sociais

As eleições no Estado de Alagoas têm características semelhantes em todas as cidades, principalmente as interioranas, que parecem seguir um rito sagrado. A mobilização eleitoral, por exemplo, é  baseada em comícios, visitas às casas de correligionários e  participação em festas tradicionais.

Com a pequena cidade de Olivença não seria diferente. Mas para ilustrarmos melhor isso, vamos contar aqui um histórico dos últimos 30 anos de eleições no antigo povoado conhecido por Capim.

O Ano era 1996 e o então prefeito Cícero Duca não foi candidato à reeleição, visto que a Emenda Constitucional nº 16, de 4 de junho de 1997, introduziu o Instituto da Reeleição no sistema eleitoral brasileiro. Essa emenda estabeleceu o direito de chefes do Poder Executivo disputarem a reeleição para a mesma função.

Naquele ano, a disputa foi entre Magna Quintela e Mailson Bulhões. Mailson teve uma vitória inquestionável e sua reeleição em 2000 foi ainda mais esmagadora. A imagem que se tem daquele episódio é que muitos munícipes não esquecem o então candidato sentado à porta, esperando tranquilo o resultado já esperado.

Em 2004, Mailson Bulhões  precisava fazer seu sucessor, então , é apresentado a Olivença seu sobrinho Jenisson Oliveira (Jeno),  que já fazia parte da administração como secretário. Jeno, um jovem simpático e muito educado, rapidamente caiu no gosto popular e o resultado não poderia ser outro: eleito com 3.934 votos (68,37% dos votos válidos).

Meses após a vitória, tio e sobrinho tiveram divergências, resultando um pouco mais adiante em um rompimento político. Quando isso acontece sabe-se que abre portas para outro grupo político, neste caso, ressurge a família Duca, que à época tinha como o principal idealizador político, o ex-prefeito Ciço Duca, desta vez apresentando seu filho Jorginaldo Vieira de Menezes, o Véio Duca.

Veio Duca, filho natural de Olivença, cai nos braços do povo com seu perfil de um homem simples, humilde e comprometido com "a palavra", o que faz de seu Cicero Duca e do seu sucessor Veio, um perfil de político que difere de tantos outros políticos da região.

Com essa ruptura entre Jeno e MB, as eleições de 2008 em Olivença, teriam pela primeira vez na história quatro candidatos a prefeito. Mailson Bulhões, Jeno Oliveira, Veio Duca e Doutor Romell, este último, filho de dois ex-prefeitos de Olivença: Gilberto Cavalcante e sua esposa Dona Lourdes do cartório.

Dentre os postulantes políticos,  o vice de Veio Duca  chamava atenção, uma figura bem conhecida na política, enigmática e contraditória. Trata-se do ex-prefeito José Arnaldo Silva, que já esteve como parlamentar em várias eleições seguidas.

Em 2008 , Veio Duca e José Arnaldo vencem as eleições. Os dois continuaram a parceria e disputaram em 2012 a reeleição e obtiveram êxito. Eleitos com  57,92%, dos votos válidos.

Depois desta vitória , começou a ser suscitado nos quatros cantos da cidade um possível acordo entre Véio Duca e seu vice. O acordo seria a renúncia do prefeito Véio em 2015 para que seu vice assumisse e se preparasse para sua candidatura em 2016. Os questionamentos eram os mesmos: será que o prefeito cumpriria tal acordo? Será que o vice ganhando em 2016 apoiaria Veio Duca em 2020?

Em 02 de fevereiro de 2015 Veio Duca renunciava ao cargo de chefe do Executivo Municipal, e não foi uma  surpresa para a população, tão pouco para os os líderes locais. A decisão do então prefeito marcou um capítulo significativo na política da cidade.

Zé Arnaldo, já prefeito de Olivença, montou uma equipe de secretários competentes, realizando diversas obras, dando continuidade ao trabalho do antigo gestor. A área da educação sempre foi a de maior destaque, porém,  um fenômeno chamava atenção: o alto índice de rejeição ao gestor.Mesmo com esse fator, ele se mostrava firme na reeleição e  seu adversário seria o jovem Josimar Dionísio, que tinha sido eleito para vereador em 2012 e fazia oposição a gestão juntamente com Cleysson Angelino, também vereador eleito naquela eleição.

Com o pleito de 2016, eis que surge uma página negra da  política Oliventina. Uma raposa velha versus uma juventude sedenta pelo dinheiro e pelo poder.

Essa juventude trouxe para Olivença alguns fenômenos nunca visto nas eleições daquela cidade: assassinato de reputações, estratégia reversa e aquela máxima que quase os levou a vitória naquele ano: "divida e conquiste".

O assassinato de reputação busca "matar" a boa imagem ou honra de alguém. Se você está do lado dele é boa pessoa, caso contrário, tem que ser humilhado até o divertimento por parte do opressor, perder a graça.

Estratégia reversa é usar algo negativo ao seu favor. Quando José Arnaldo os chamou de “moleques” foi o bastante para virar algo positivo para a campanha de Josimar e Cleysson. Ambos vereadores e que levavam esperança às famílias de que seriam o novo e diferente, o que mais adiante isso não retrata com fidelidade a realidade sofrida do povo Oliventino. Seria a venda de uma mera ilusão.

A outra estratégia usada por Josimar, ou Jovem De Bem, como ele se auto intitulava, foi ‘divida e conquiste’. A cada casa visitada aumentava as promessas e a divisão de votos entre famílias.

Josimar foi derrotado por José Arnaldo com uma diferença de 11 votos. Faltando uma semana para as eleições, o gigante Véio Duca retorna do Maranhão para ajudar seu companheiro de projetos políticos. 

A derrota de Josimar que ficou alguns minutos na liderança de acordo com o TSE fez aquele jovenzinho sedento por poder, virar um tirano em busca de uma vitória em 2020. Fez oposição ferrenha ao prefeito eleito até às eleições de 2018, vindo a formar alianças posteriormente.

Após sua derrota, o político começou a buscar fortes aliados para seu plano concretizar, dispensando o vice Cleysson Angelino, e partiu para sua estratégia mais ousada; ter o apoio do atual prefeito, a quem ele fazia oposição.

A população Oliventina não acreditava que o prefeito deixaria de apoiar Veio Duca, aquele que renunciou para ele assumir, aquele que o salvou de uma derrota humilhante para dois "moleques", o jargão político destes em 2016, viraram figurinhas de porta de parte da população. 

Zé Arnaldo fazia jogo duplo. Primeiro deixou os eleitores à vontade para escolher, enquanto seus familiares, aqui citados como o Grupo Fernandes, tinham papel decisivo em repatriar eleitores. Questionado por eleitores fiel ao Veio Duca, ZA  jurava que o apoiaria.

O tempo foi passando e ele subiu no palanque de Josimar e esse seria o seu maior erro. Ali ele criava um político profissional. Em 2020 Josimar foi eleito com um discurso que seria diferente, que não cometeria os erros dos seus adversários e em vídeos nas redes sociais, falava que caso eleito não faria da prefeitura a extensão da sua casa, o que seria  uma crítica ao seu adversário que colocou parentes em cargos estratégicos.

É lógico que  essa promessa não foi cumprida.

Nas eleições de 2024, um novo enfrentamento entre Josimar e Veio Duca. Josimar Dionísio é reeleito com  59,37% e contou com o apoio novamente de José Arnaldo.

Voltamos a atualidade

Nos últimos dias, mais precisamente no dia 1° de fevereiro, o prefeito de Olivença fez festas e apresentou os novos secretários. Das 14 pastas, as principais ficaram com seus parentes. Segue a lista:

Jecival Dionísio, pai do Jó, comanda a Secretaria Municipal de Agricultura.

Maize Dionísio, esposa do Jó,  gere a Secretaria Municipal de Administração.

O tio, Jocival Dionísio comanda a Secretaria Municipal da Educação, além das tias Bianca Dionísio, assume a Secretaria de Esporte, antes diretoria, pois não havia secretaria exclusiva para essa pasta, enquanto Christiane Dionísio comanda a Assistência Social.

Gilberto Dionisio, primo de Jó, é secretário de Infraestrutura. Thaise Cabral, cunhada do Jó, comanda a secretaria de saúde.

O prefeito Josimar com essas nomeações mostra sua incoerência quanto às nomeações na família, algo tão criticado por ele. Outro questionamento muito latente é em relação à família Fernandes, ferrenhos apoiadores de Josimar que estão fora dos cargos do primeiro escalão.

A princípio, possívelmente não haverá possibilidade de rompimento, já que o quase invisível vice é um do Grupo Fernandes, mas será que isso já demonstra uma resposta para 2028?

Conversas de bastidores dão como certa a candidatura de José Arnaldo, ou seja, criatura e criador irão se enfrentar como adversários. Será  porque a criatura não quer alimentar possíveis adversários? Será que José Arnaldo terá forças para vencer alguém que  ele mesmo levou ao poder?

Algo que chama muita atenção aos olhares políticos é a popularidade do seu opositor Véio Duca, que mesmo sem dinheiro para esbanjar na campanha, sem títulos transferidos, sem apoios de políticos com mandatos locais, conseguiu manter o eleitorado e  assim obter mais de 3 mil votos na última eleição. 

O que se sabe disso tudo até então é que há fortes indícios da má administração do dinheiro público enquanto o véu negro paira sobre os lares de muitos cidadãos oliventinos que precisam de atenção e cuidados básicos, em especial, aqueles que estão entre os 3 mil votos destinados ao Veio Duca.

A oposição padece enquanto uma cortina precisa ser puxada para que se possa ver o que há nessa janela que dá acesso aos tesouros da família Dionísio,  uma vez que o Ministério Público é conhecedor de graves denúncias feitas pelo ex-prefeito MB e outras autoridades do município.



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