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  • Santana do Ipanema, 20/01/2025
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Marcelo Ricardo Almeida

Santana Cidade Literária

Como se acompanha em Santana, cidade literária, a sua vocação à poesia e à crônica.

Foto: Lucas Malta / Alagoas na Net
Santana Cidade Literária Praça do centro de Santana do Ipanema

Ao analisar os dados do PISA/OCDE, que mostram a queda no senso de pertencimento escolar entre alunos, no Brasil, deve-se considerar que o processo pedagógico é complexo. As estatísticas dependem dos fatores sociopolíticos nos quais foram realizadas.

Para que haja o senso de pertencimento escolar do aluno, a escola deve privilegiar, conforme orienta a BNCC, a autonomia do aluno. E assim a metodologia mobilizada pelo professor atenda a problematização da realidade. Considerando, portanto, como assegura a LDB, no art. 13, III, o zelo pela aprendizagem do aluno. Ou seja, motivar no aluno a cultura do pertencimento escolar.

A formação de leitores, inicialmente, deve ser a base da educação básica. Isto encontra-se na BNCC. Estes documentos demonstram que a formação de leitores enriquece a imaginação e a criatividade do aluno.

Literatura como meio humanizatório, defendido por Antonio Cândido, no direito à literatura. Portanto, o papel da escola é demonstrar ao aluno, no processo de ensino-aprendizagem, com fulcro nas dez competências da BNCC a leitura de literatura como representação do mundo.

Cabe à escola feira de livros no ambiente escolar. Outro aspecto motivador é o escritor na escola.

Santana Cidade Literária apresenta-se como linguagem poética que ilumina o sertão desde os primeiros de seus cronistas, desde os primeiros de seus poetas. Como se encontra na memória de tantos munícipes: linguística na textualidade faz-se por contextos de um texto fazendo parte de outro texto; um gênero na composição noutro gênero textual; qual uma praça dentro de uma rua.

Quais ruas que carecem de praças, na metáfora orgânica, a crônica parece representar pulmões entre os gêneros literários. Os devotos de Santana, todos os filhos de Maria, louvam a santa semana, e roga o povo aleluia, peticiona pela paz: amar a vida se faz com fé, perdão e gratidão. Os devotos de Santana, todos os filhos de Maria, louvam a santa semana.

A vida é breve e pequena, e passa quão passa o triz: hoje missa na matriz, em Santana. Louvando essa semana os devotos de Santana, todos os filhos de Maria, louvam a santa semana. E cada rua requer, em sua petição implícita, a sua praça. Cadê a praça daqui? Sem pressa nas praças, pula de galho o sagui callithrix, ri à vontade o bem-te-vi. Santana enluarante, cadê a praça daqui?

Aves vivem de esmola; em toda rua se acham gaiolas e mais gaiolas. Praças são de pássaros e céus discos-voadores. O presente do indicativo segue chofer aplicativo; praça não há engraxate. Cigarra faz cada escolha e formiga carrega folhas. A educação é representada, metaforicamente, por uma praça que oxigena uma rua.

Na educação formal sistematizada, as relações pedagógicas que atendem a quaisquer estudos em língua portuguesa, por exemplo, nos anos finais do Ensino Fundamental, ao se trabalhar interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e multidisciplinaridade, há mudanças exponenciais em salas de aula a quem se propõe a ensinar e a quem se propõe a aprender.

Estudo em língua portuguesa representa atravessar transdisciplinarmente outros componentes que a escola dispõe ao aluno. Como se acompanha em Santana, cidade literária, a sua vocação à poesia e à crônica.

O mundo escolar é um mundo que existe porque existe nele a integralidade, não as partes, não a escola fragmentada. Quão a praça ilumina uma rua à voz do poeta e do cronista santanenses. Que praça é essa praça, ainda praça em Santana, mesma praça aliterante. Quando praça, e é pouca, a sua tônica e a sua átona, sendo praça ainda uma. Praça solta, fotográfica, fotografada essa praça, praça em pouca roupa.

Sendo que a intensidade na praça menor é átona, é cedilha praça tão boa. Cantam os passarinhos. Nas praças surgem voos livres de pássaros; nas cidades praças; e o amanhã das árvores: pulmões ao mundo, cantam os passarinhos. A manhã de cada ave depende das folhas, depende das árvores; não há raízes cidades senão nessas praças habitadas por saguis. Aonde vão suas praças, Santana enluarada? Cantam os passarinhos.

Inicia-se a poesia e a crônica com dicendi de que não é difícil identificar que o texto é apenas a extensão de seu intertexto; inexiste um gênero textual sem algum tipo de intertextualidade. Nas escolas, em Santana, a vocação do aluno, no Ensino Fundamental, é a poesia e a crônica.

Fácil ao professor acompanhar o aluno mediando a sua aprendizagem. Desde a origem, a forma fixa na poesia ou não-fixa, transfigura-se, e a crônica jornalística publica os fatos atuais de interesse social; a crônica filosófica reflexiona sobre algum tema específico; e a crônica humorística ao usar a comicidade recorrendo à ironia; a crônica descritiva descreve os elementos narrados; a crônica histórica voltada aos fatos passados; quer a crônica dissertativa quer narrativa seguindo a tinta de cronista que escreve na primeira ou terceira pessoa do singular; ou ainda a crônica narrativo-descritiva híbrida entre narrar e descrever; na crônica lírica, o ponto alto encontra-se na subjetividade e nas sugestões expressas no gênero; na crônica poética há versos ou simples elementos deste gênero (poesia).

É bom lembrar que a crônica sozinha não é crônica; ela depende da urgência do interesse, como a rua depende das casas e os moradores das árvores, e estas dos pássaros. Aqui havia uma praça? Já houve uma cidade distante onde as praças tinham árvores, onde as árvores tinham pássaros, onde os pássaros tinham vida, onde as vidas tinham sonhos; praças tornaram-se pássaros medonhos, com vidas sem sonhos; as folhas secaram, e as praças substituídas por lembranças. História não é pudica, cada história a sintaxe, e cada sintaxe publica Teatro-Feijão-Com-Arroz nascido e criado em Santana de festas, já foi à Argentina, e “A Fila do INPS” em NY. O Teatro voou e atravessou a Cordilheira dos Andes, indo a Santiago do Chile.

Faz parte das memórias desse teatro santanense, e desde Albertina Agra nos grupos, nas escolas, é o Teatro em Santana ao santanense História. Moldada nas pedras o látego ao trabalhar; surge gibão de couro, e Santana se constrói; no sentido da sintaxe aboia o carro de bois; e na gaiola canta a ave; passos moldam a cidade. Nos aspectos principais dos estudos em língua portuguesa, se alguém tropeça na didática, há quem caia na reprovação.

O papel da prova em quaisquer áreas na educação formal sistematizada, em qualquer componente curricular, é saber se o que se ensina se aprende; não é o papel da prova reprovar o aluno. Talvez os estudos em língua português, nos anos finais do Ensino Fundamental, observando os valores da Análise da Conversa (uma das linhas em Linguística Aplicada), os papéis dos sujeitos em salas de aula galguem o protagonismo, tornem-se centrais e não periféricos, e não figurativos neste contexto de quem se propõe a ensinar e de quem se propõe a aprender. Análise da Conversa é um recurso pedagógico que promove resultados positivos em salas de aula a quem se propõe a ensinar e a quem se propõe a aprender. Esse indo mais longe com as metodologias adotadas de quem se propõe a ensinar.

Como a memória que oxigena uma cidade numa interação social expressiva. Santana só memória nessa velha fotografia; a cidade nas paisagens; cores do sol distribuídas. O salário do vaqueiro; segue o vaqueiro à roca, e o sol surge de repente; é feita oração no rosário; na vegetação pasta o gado, e, nessa hora da manhã, formigas seguem o aceiro; na cozinha, os aromas acordam os trabalhos. Os sonhos do vaqueiro cabem em seu chapéu, e o dia é o seu salário.

Sabe-se também que o sujeito é sentença ou expressão que se refere ao verbo. Feito o Panema e as suas águas que passam em viagem dirigindo-se a outros sítios, águas enferrujadas, águas que se juntam às outras, águas descendo em caixões, panelas d’águas revoltas, velozes águas com a sua energia de água que tudo arrasta e que tudo leva, e que tudo lava. Feito o Panema cheio atravessando cidades em sua viagem. O período escolar passa na velocidade das águas, passa a escola multipluritransdisiciplinarmente – seja a quem se propõe a ensinar, seja a quem se propõe a aprender.

Quais águas em riachos, rios, a multipluritransdisiciplinaridade que se trabalha na escola é a pedagogia pela qual os conteúdos interligam-se, a exemplo de gêneros textuais diferentes. Na sintaxe do sujeito, nem sempre o sujeito realiza a ação ou mesmo aquele sobre o qual se fala; há outras formas que definem o sujeito; nos termos essenciais da oração, o verbo acompanha-o feito o Panema que acompanha o ritmo de suas águas.

Lentas águas de rio, o rio São Francisco aguarda o Ipanema; mas o rio não vai, perde o rio uma letra, Panema tropeça, cai; entre pedras e areia vai panema-rio, vai; desce Panema lento; perde letra por letra. Ao Velho Chico o rio, ei-lo panema-rio chega em sua cor de pedras, em sua cor de águas, em sua cor de sono. Dormem as águas, rio, dormindo, dormindo essas águas de fome.  Objeto de aprendizagem que se apresenta nas escolas em Santana (cidade vocacionada à poesia e à crônica) é mergulhar na leitura que se faça identificando o que se encontra no gênero textual, em sua intertextualidade.

E ainda há no objetivo de aprendizagem reconhecer elementos distintos nas produções textuais. A intertextualidade, como elemento que se apresenta por entre as suas linhas d’água, viaja pela calha do rio Ipanema, em Santana. E o objetivo de aprendizagem na imagem de rio, na imagem por palavras, é identificar os elementos na notícia de água no Panema como fato jornalístico-midiático. Em breve o rio cheio com águas por cima, correndo feito o vento sobre estacas, cercas; nada rio; quanto aviso; não fica terra ou ilha. Volta Panema a ser isto: água de peixes e alegria. Nossa parte no Panema, essa parte que pertence a Santana cheia de luar.

As águas enferrujadas ocupando a sua terra, suas ilhas, suas pedras; o barulho feito guerra acorda Santana. Festa. Ronco desce das serras; ronca o velho Panema no Serrote do Cruzeiro. Não é tão só adotar ensino doméstico e deste esperar resultados exitosos; as teorias pedagógicas são amplas e complexas. Fundamental ao sucesso da aprendizagem e do ensino são os meios pedagógicos; e são muitas as mudanças que ocorrem periodicamente.

O trabalho docente, ao se aproximar dessas linguagens, enriquece sobremaneira quer o ensino, quer a aprendizagem; sobretudo se trabalhado interdisciplinarmente. A barreira que dificulta o binômio ensino-aprendizagem é a ausência de didática de quem se propõe a ensinar que não alcança a quem pretende aprender. Ao se falar em fruição na crônica, por exemplo, está se falando no papel do intertexto; este do qual se fala associado à imaginação de quem lê, aos afetos e aos sentidos de quem lê. Santana essa hora da tarde feliz o Serrote do Cruzeiro; mói e não é caldo de cana esse caldo grosso e ligeiro; sobre as terras de Santana, a garapa aquosa feito lama, grossa água amarelada corta à tarde em Santana, limpando o rio Ipanema, carregando a bagaceira: orelhas-de-burro margeiam; são vistas do alto do Cruzeiro.

Vai rio Ipanema despejando; não tarda sua calha cheia. Muito peixe nessa hora; correm as águas velozes: Mucha agua y peces em desabalada carreira Mucha agua y peces abastecendo as mesas Agua y muchos peces tornando vivo o que vive. Essas águas, essa força, essa energia imensa trazem guardada em sua vida tantas vidas que alimentam: agua y muchos peces a Santana sob as estrelas.

O rio é quem constrói e alimenta as cidades como a poesia e a crônica constroem as escolas. Qualquer construção oracional é uma unidade sintática que se caracteriza pela presença de um verbo; e os adjuntos (ad + junto=o que está ao lado) juntam-se a um nome ou a um verbo para precisar-lhe o significado; mesmo que tragam algo novo à oração, não são eles indispensáveis ao entendimento do enunciado.

E o objeto direto é o complemento de um verbo transitivo direto. Sabe-se que as orações subordinadas adjetivas qualificam ou especificam algum termo da oração principal, funcionando, pois, como adjetivos. O complemento de um verbo transitivo indireto é o complemento que se liga ao verbo por meio de preposição. Feito o súbito roncar das águas. Uma carrapateira assiste ao espetáculo das águas atirando-se na Barragem: as águas se espalhando; vai roncando o seu ronco, velho roncar impetuoso.

Revive o Panema rápido em sua mudança lógica; sua areia revivendo sedenta; de repente, cria vida e corre. Jorro d’água sobre as pedras nessa ponte da Barragem; Santana testemunho de sol, águas barrentas descendo em direção às outras águas. Água no Panema! o povo alude à sua intertextualidade de povo. Imagine o Panema cheio, com água correndo assim, com peixes à vontade, desde a piaba em cardume aos gigantes surubins. Imagine o Panema cheio, com água correndo assim, nesse mundaréu d’água: vê um começo sem fim.

O Panema gordo, imenso. Pescadores voltam à pesca, braços, tarrafas, mergulhos; tantos peixes à quaresma em águas-panema turvas. Aluno é o resultado da linguagem na escola. Tudo no ambiente escolar acontece quão à calha que, em lugar das águas, recebe a influência das linguagens. Quer linguagem consciente, quer inconsciente; às vezes, uma supera a outra qual fluxo d’água em períodos de cheias no riacho Camoxinga, no rio Ipanema.

O discurso, durante o percurso das águas, transforma a terra. Cidade vocacionada à poesia e à crônica reconhece a importância da linguística no processo pedagógico. Como se encontra a linguística presente na antropolinguística, na linguística computacional, na geolinguística, na sociolinguística, na neurolinguística, na psicolinguística, encontra-se a linguística presente na educação formal sistematizada feito água em corredeiras.

Águas em corredeiras! o povo alude à sua intertextualidade de povo. Viva o Panema! está vivo no milagre da Quaresma. As águas descem velozes em corredeiras nas pedras; tantos peixes pulando alto numa grande e viva alegria. Desce o rio em velocidade indo forte ao São Francisco. Ribeirinhos felizes. Feliz Santana. Fazem festas, soltam fogos.

Tantos peixes pulando fora, vão ao prato na larga mesa Panema. Crônica transita em crônica jornalística, filosófica, poética, narrativo-descritiva (narrativa ou descritiva) e ainda humorística, histórica, lírica e também dissertativa. Conotação em Santana, um tipo de intertextualidade entre tantos outros, segue a corrida nas águas do Panema de característica sazonal e breve.

Observa-se em Santana o que há de subjetivo na cidade, o que há em suas escolas no exercício das atividades pedagógicas salutares e edificantes. Santana é uma cidade literária. Na forma e na expressão, a cidade faz-se por tessituras literárias. Águas salobras no rio Ipanema, de leito areento e grosso, carregam, com a fome própria da água, as pedras. Metafórica realidade visitada nas histórias, em Santana.

As águas no rio entre as pedras; o Panema passa em poços breves; há entre paredões, tantas eternidades; mesmas águas de sono, mesmas águas de vida; as águas dormindo, dormindo, dormindo... e a água correndo à vontade. Um dia, foram ossos e urubus; e, hoje, esse caldo grosso descendo vai espumando vai, e a água correndo à vontade sobre as pedras com fome, e com tanta sede d’água, indo viagem d’água ave; volumosos caixões d’água descendo velha Barragem, passando famosos lugares; onde feita pesca de piaba em litro de vinho e farinha, feita pesca com os anzóis, tarrafas nas águas grossas descendo ao São Francisco (reencontro à Praia do Peba) Panema renasce da lama.

Estrondosas margens em Santana de nuvens; povo vai ver água chegar, vendo o Panema encher em sua viagem de vidas, em seu milagre das águas. E, assim, em qualquer cidade anoitece; à noite, o acendedor de lampiões volta a alumiar essa prática cotidiana nessa caminhada na qual se exercita fruição em poesia e crônica.

Na aprendizagem se reconhece literariedade no gênero textual. Aprendizagem associada à lembrança e à compreensão, conforme se aprende com a Taxonomia de Bloom; lembrança e compreensão levam à aplicação e à análise, avalia-se o percurso, e a criação é a última etapa da aprendizagem. Na escola, o laboratório de informática era um papagaio em sala de aula; quais águas que serviam aos rios, o papagaio servia à escola feito o riso; e o homem já dessabia se era máquina ou se a máquina ainda não era homem.

O aluno era uma espécie de ave, não uma ave segura de si; se quisesse deixar a escola. Aonde ir? O professor era uma máquina repetindo se amanhã ia chover, se o sol da manhã acordaria os girassóis. Na escola, o laboratório de informática ficou cheio de jogos e memes, como se revivesse a mimésis aristotélica. E o professor marcou a prova. Quando, professor? Na próxima segunda-feira, ele respondeu.

Os prazos eram apertados, professor. E daí! Vamos sacudir a cidade com a festa do reencontro. Cada encontro vale a vida, cada vida vale o canto. É por isto que eu canto: Viva, viva o reencontro. Glosadores à vontade, sendo o seu mote a folia, festejando à vontade neste frevo de alegria. E é por isto que eu canto: Viva, viva o reencontro.

Cidade sem festa não vive, a festa é a alma da cidade: o sintagma nominal caso se diga troveja quando se diz chove logo se ouvem trovões na trova que se deseja tire os ossos da língua, e permita à carne macia livre o corpo da palavra experimente a alquimia.

O Panema botou água, e roncou na madrugada, e saiu aos borbotões; ele enfrentou seus invasores: paredes feitas de pedras, locas vazias existenciais, e ganhou mais velocidade. Formosas quedas d'água de repente redesenharam a sua paisagem. Novos ares nos sertões fizeram amanhecer o dia rio despertando Santana. Rio ri.

Riu larga água – ponte, peixes, roncos, enche, calha cheia; e logo inunda ruas, casas. E ferozes roncam as águas passam em Santana partida a roncar Panema outra vez é indomável esta fera ferida a renovar-se a trocar de pele e revive Panema novelho rio reveja o Panema feito noivono leito nupcial de sua calha ei-la sua noiva as cachoeiras vem nas espumas das águas voa o véu da noiva dançando lembra velho ritmo das naus vão-se os peixes em cardume barulhento cortejo das águas.

Cidade sem festa não vive, a festa é a alma da cidade: um sintagma nominal pode ser dito no verso se antes do verbo signo sintagma verbal já vive. Cidade sem festa não vive, a festa é a alma da cidade: numa estrutura sintática sintagma preposicional e se liga por preposição feito verso nos sertões.

Cidade sem festa não vive, a festa é a alma da cidade: Lá vem o sol, lá vem o som no velho ritmo do borogodó. E aonde vai, água-panema? passa em Santana tão veloz se vai para em algumas ruas como quem logo evapora-se. E aonde vai em sua pressa? Sem sequer ser fotografada e atravessa ligeira a cidade, corre desaparece corre deixa rastro no céu os rios possuem asas.

Não troque o príncipe de Antoine pelo príncipe do filósofo Nicolau sabe-se este veio para governar, dizem, trocando fins pelos meios aquele outro príncipe era um piá e como não há por que negociar Quixote de Miguel de Cervantes pelo Quixote de Pierre Menard.

Na Biblioteca de Babel, outro dia, reencontro Jorge Luis Borges, Trön, Uqbar, Orbis, Tertius e Pierre Menard, autor do Quixote, próximos à livraria El Ateneo, lugar onde revisito Paulo Freire e a sua Pedagogia do Oprimido. Lá vem o sol, lá vem o som no velho ritmo do borogodó.

Neonarrativa sertaneja: Segue o vaqueiro à roça carro à estrada de chão agricultor e a agricultura ao som do carro de bois ricas lavouras no sertão o carro de boi cantando Os Sertões do sertanejo além do velho Euclides escrito naquele seu livro sobre o scelestus homo por tantas penas narradas nem Troia nem Esparta nem Peloponeso sertão história da humanidade nas terras do semiárido. Vendia alguém loteria Babilônia; e os livros formavam revoltosas ruínas circulares, feito oceanos; e a galinha dos ovos de ouro jazia depenada pelo sistema: decorava televisão-de-cachorro.

Crônica, como se sabe, efêmera; efêmero realismo não é mágico. Lá fora, na rua, em Buenos Aires, jardins de veredas bifurcavam-se no milagre secreto desta festa em Santana, lugar de todas as vozes. Palavra cheia de verbos, as palavras numa oração: o tempo errado do verbo, na crônica sobre ser tão o sábado de feira vindo ao som de carro de bois, o tempo do verbo errado, não por outro e por isto, há imperativo categórico: moral associa um a dois.

Há hipotética categórica desde Kant, o iluminista, e tempo errado de verbo; vai, tropeça entre as ruas, entre as ruas vai tropeça o tempo errado do verbo, a frase, oração, o período. Lá vem o sol, lá vem o som no velho ritmo do borogodó. Vamos sacudir a cidade com a festa do reencontro. Cada encontro vale a vida, cada vida vale o canto. É por isto que eu canto:

Viva, viva o reencontro. Glosadores à vontade, sendo o seu mote a folia, festejando à vontade neste frevo de alegria. E é por isto que eu canto: Viva, viva o reencontro. Hiperônimo é o que a escola faz ao encher um quadro, outro quadro, exigindo do aluno mais do que é possível exigir, obrigando-o ir aonde ainda não consegue chegar.

A desgramática, porém, não se importa; a palavra é reivindicada pela transgramática de um acendedor de lampiões, na Av. Na. Sra. de Fátima. E, na avenida, os devotos de Santana, todos os filhos de Maria, louvam a santa semana; o povo ora nas ruas de Santana a caminho da matriz; ora o sertanejo feliz em Santana. Salve a cidade de esquecimentos, a cidade não pode ser condenada; jamais esquecidos os seus nomes, os seus prédios, as suas memórias; aqui, Casas Lima; ali, a Maringá; reencontremo-nos no Bar Comercial, e o Jornal do Sertão lá na Rua Nova. Naquela praça, a peça “Debaixo da Ponte”, naquela rua, a música “A Valsa Maria Júlia”, naquela avenida, as amizades, o sol. Eis a cidade: Santana. Santana fotografada.

Anoitece em Santana como anoitece em tudo; anoitecem suas praças, quais praças anoitecem quando a noite reaparece nas praças em Santana; anoitece em suas aves dormindo nas árvores, nas praças em Santana; anoitece na vegetação e nas casas anoitece, como anoitece nas ruas, anoitece na Rua do Sebo, anoitece na Av. Na. Sra. de Fátima.

Cidade, em cada município brasileiro, caleidoscópio de lembranças. Santana, lugar literário por meio de tipos intertextuais, na área de Linguagens, a saber, no componente curricular Língua Portuguesa, ou melhor, conforme o aluno apreende nas escolas santanenses, no Currículo Base da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, por exemplo, segundo orientações legais da Base Nacional Comum Curricular.

Santana faz o caminho da escola com a colaboração na preservação da memória. Não há gênero textual sem a colaboração de outros gêneros textuais, como não deve haver rua sem praça. Ao final deste percurso demonstrado é possível concluir que pensar em Santana, no sertão, equivale a refletir. Cidade literária vocacionada à poesia e à crônica.

Marcello Ricardo Almeida é autor de Pedras, terra seca, espinhos-de-roseta.



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