ANA decide que vazão do rio São Francisco sofrerá redução de 100 m³ por segundo

17 mar 2015 - 21:28


A redução deste volume tem o objetivo de tentar garantir a manutenção do volume de água rio abaixo.

Foto: Delane Barros / Ascom CBHSF

Foto: Delane Barros / Ascom CBHSF

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHRS) divulgou na tarde desta terça-feira (17) a autorização feita pela Agência Nacional das Águas (ANA) para reduzir em 100 metros cúbicos por segundo, a vazão do rio nos próximos dias. O anuncio foi feito ao termino da reunião na sede da ANA em Brasília.

A vazão representa o volume de água que passa por uma determinada sessão, ou seja, que é liberado de um reservatório. Atualmente esse caudal é de 1.100 m³/s. A redução tem o objetivo de tentar garantir a manutenção do volume de água rio abaixo.

Segundo dados da ANA, a redução só foi aprovada após a análise técnica do Ibama, que publicou uma autorização favorável à medida. Essa autorização tem validade de 180 dias, podendo até ser prorrogada. A Agência também ressaltou que a medida de redução foi adotada em caráter emergencial, a ser aplicada durante os dias de segunda a sexta (de meia-noite até ás 7h) e durante todo o dia de domingo.

Alertas

Apesar de autorizar o escoamento de 1.000 m³/s alguns membros do Comitê registraram ponderações sobre problemas apresentados no “Velho Chico”. Uma dos problemas está na calha do rio, local onde foi constatado um aumento significante da presença de nitrato, especialmente na região do Baixo São Francisco, como na cidade de Piaçabuçu.

Os especialistas apontam que o nitrato, presente no esgoto doméstico e nos descartes de indústrias e pecuaristas, representa especial risco à saúde de crianças, causando danos neurológicos ou redução da oxigenação do corpo. Além disso, a presença excessiva de nitratos em rios ou mares estimula o crescimento de algas, fenômeno conhecido como eutrofização. Em casos extremos, essas algas podem colorir a água e emitir substâncias tóxicas para os peixes.

Não só pra energia

Outros membros da reunião também abordaram o aspecto cultural e econômico do rio para a população ribeirinha, criticando a forma com que ele é tratado atualmente, somente como um gerador de energia, pelo setor correspondente. “Muitos produtores rurais estão na iminência de parar de produzir, pois dependem unicamente da água do Velho Chico e a captação está cada vez mais difícil”, comentou o superintendente da Codevasf, Alaôr Grangeon Siqueira.

O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda também solicitou acesso ao relatório detalhado elaborado pelo Ibama, o qual se baseou para conceder a autorização na vazão menor do rio. “Fala-se, aqui, em bacia hidrográfica, mas só se fala na calha do rio. A bacia é muito maior e o retrato atual não é nada bom. Faço, aqui, um apelo pungente para que, paralelamente à situação atual, também se construa soluções para o rio”, alertou o membro.

O CBHSF é um órgão colegiado, integrado pelo poder público, sociedade civil e empresas usuárias de água, que tem por finalidade realizar a gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos da bacia, na perspectiva de proteger os seus mananciais e contribuir para o seu desenvolvimento sustentável. A diversidade de representações e interesses torna o CBHSF uma das mais importantes experiências de gestão colegiada envolvendo Estado e sociedade no Brasil.

Da Redação com Assessoria CBHSF

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